quarta-feira, 8 de junho de 2011

ENTRE O DISCURSO E A AÇÃO.


“E Jesus, ao desembarcar, viu uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas.


Estando a hora já muito adiantada, aproximaram-se dele seus discípulos e disseram: O lugar é deserto, e a hora já está muito adiantada;


despede-os, para que vão aos sítios e às aldeias, em redor, e comprem para si o que comer.


Ele, porém, lhes respondeu: Dai-lhes vós de comer”.


MARCOS 6.34-37.



“Posso ajudá-lo?”, esta é uma frase que pode ser lida em camisetas e aventais daqueles que trabalham no comercio, principalmente em supermercados. Acho que todos nós cristãos deveríamos andar com tais camisetas, pois constantemente nos esquecemos que o evangelho, muito mais que palavras, é ação em favor de outros.

Nesta passagem onde lemos sobre a multiplicação dos pães vemos claramente isso. O texto no verso 34 diz que: “E Jesus, ao desembarcar, viu uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas”. No primeiro momento, Jesus contempla a miséria espiritual daquela multidão que vagava sem rumo como ovelhas sem pastor e “começou a ensinar-lhes muitas coisas”, palavras, ensinos que os conduzissem em direção ao Reino dos céus, ao caminho da salvação, da esperança, porém, Ele não parou por ai.

Nos versículos 35 e 36 seus discípulos trazem ao mestre uma preocupação: ali estava uma multidão com fome, o que fazer? O melhor aparentemente a fazer é mandá-la embora para que possam saciar sua fome em outros lugares, no entanto, para o espanto dos discípulos, a resposta de Cristo foi: “daí-lhes vós de comer”, Jesus mostra aos seus discípulos que aquela não era uma responsabilidade que deveria ser “terceirizada”, eles mesmos teriam que assumi-la! Por mais que parecesse absurda, impossível, os discípulos teriam que assumi-la.

O Mestre havido durante horas falando do Reino, saciando a fome espiritual da multidão agora, através dos discípulos, era a hora de ver este Reino em ação saciando a fome física do povo.

O que aprendemos com isso? Muitos afirmam que é preciso “dar voz” ao reino dos céus, ok! Concordo! Mas, mais que isso precisamos também, dar pernas, mãos, rosto, ações a este Reino, ao Evangelho de Cristo.

O mundo hoje está cansado de promessas, de discursos (por exemplo, você agüenta assistir “propaganda eleitoral”?), o evangelho não é discurso, teorias, conceitos, porém, é ação, é vivo, dinâmico “Porque o reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder”. I Corintios 4.20.

Por isso mais do que palavras, bons conselhos ou orientações bem intencionadas, precisamos vivenciar a dinâmica do reino dos céus.

Certa vez na rádio em que trabalho recebi a ligação de uma jovem senhora muito aflita. Após me contar todo seu drama ela me disse que devido a aquela situação estava pensando até mesmo em “fazer uma besteira” com ela e com seu filho pequeno, me lembro de ter falado muitas coisas do tipo: “não faça isso, tudo sempre tem uma saída”, “confia no senhor, e ele agira”, “essa é apenas mais uma provação”, “o inimigo esta querendo destruir sua vida”, “procure uma igreja”, esses tipos de conselhos pré-concebidos que somos acostumados a dizer, até com boa intenção, mas que, quase sempre, não dão uma verdadeira solução a angustia do próximo.

Refletindo depois sobre aquela experiência, cheguei a conclusão que poderia ter evitado toda aquela “verborragia”, fazendo uma simples, porém, eficaz pergunta a aquela alma angustiada: “o que eu posso fazer para ajudá-la nesta situação?” , após este episódio prometi a mim mesmo que só daria conselho a alguém quando me pedissem, e quando alguém angustiado me contasse seu drama, perguntaria prontamente: “no que posso ajudá-lo?”, e sabe que descobri que isto dá muito mais resultado!?

Neste episodio da multiplicação dos pães creio que uma das grandes lições que Jesus nos ensina é que há o momento propicio para discursar, falar, aconselhar, e há um momento que efetivamente precisamos agir, pôr o discurso em ação.
Creio que um dos grandes problemas que nós, evangélicos, temos hoje é que queremos discursar, aconselhar, em momentos onde o que se requer é a ação, o “arregaçar as mangas”, e dar “pernas e braços” a mensagem do evangelho, talvez como os discípulos, estejam dispostos apenas ao discurso e “terceirizar” a parte da ação.

Irmãos, o Evangelho é vivo, dinâmico, pratico! Por isso deixemos de lado as verborragias e partamos para a ação. Dar conselhos é bom, porém, ajudar ao próximo a encontrar solução é muito melhor!

O melhor conselho que podemos dar a alguém é o nosso exemplo de vida; a melhor pregação é a pratica das verdades do evangelho em nosso viver diário.

Se sabemos destas verdades, que tal agora ir e praticar?

Que a graça e o amor de Cristo esteja convosco.



André Senhorino.

Nenhum comentário:

Postar um comentário