"Então os que estavam reunidos lhe perguntaram: "Senhor, é neste tempo que vais restaurar o reino a Israel? "
Ele lhes respondeu: "Não lhes compete saber os tempos ou as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade.
Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra".
Atos 1:6-8
Eu não era nascido nesta época, mas sempre ouvi minha mãe e minha avó contando que em 1965, a denominação Batista fez o que foi considerada um dos maiores movimentos evangelísticos já realizados nesta nação, a campanha "Cristo, a única esperança".Me contaram que multidões faziam reuniões de oração pró campanha evangelística , multidões saiam as ruas para distribuir folhetos evangelísticos e falar do amor de Cristo, multidões iam aos templos participar de cultos evangelísticos, multidões se rendiam a Cristo.
Pelo que entendi, o objetivo daquela campanha era pregar a mensagem que Cristo é a única esperança, da vida do porvir e também para esta, pois só um verdadeiro encontro com Cristo pode mudar vidas e circunstâncias, no âmbito individual, de uma nação e do mundo.
Diante disto, eu me pergunto: como cristãos, como crentes, evangélicos, seja como for que nos chamemos, será que,realmente, ainda cremos nesta mensagem: Cristo é a única esperança?
Me pergunto isso, por que quase cinquenta anos depois daquela maravilhosa campanha evangelística que supracitei, vejo aqui no Brasil outras multidões saindo as ruas, não para dizer que Cristo é a única esperança, porém, com esperança de dar uma basta na corrupção, nos desmandos, na bagunça que se instalou no poder publico. Nada mais justo, quero aqui frisar, assino em baixo em tudo isso, o povo realmente precisa fazer isso! já até estamos vendo resultados práticos desta iniciativa, porém, será que só isto basta?
Em Atos 1.8, após sua ressurreição Jesus dá aos seus apóstolos suas ultimas instruções antes de ir para os céus, em meio aquelas instruções relativas ao Reino de Deus, surge um questionamento politico: " Senhor, é neste tempo que vais restaurar o reino a Israel? ", Israel, naquela momento, não tinha governo próprio, vivia sob domínio do império romano e sob um governo local colocado pelos romanos, a esperança dos israelitas era retornar a glória dos tempos quando tinha seu próprio reino, dai a pergunta dos apóstolos.
Diante desta pergunta a resposta de Jesus foi cura e direta:"Não lhes compete saber os tempos ou as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade". eu entendo que com esta resposta que Jesus queria dizer o seguinte: " esta não é, no momento a questão mais urgente e prioritária ", a urgência e importância maior, naquele momento, era a edificação e expansão do Reino dos Céus, as demais coisas o próprio Deus, a Seu tempo e a Seu modo iria providenciar, por isso Ele afirmou a seguir: "Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra".
faço estas colocações porque uma coisas me preocupa neste momento, apesar da legitimidade das iniciativas populares em prol da melhoria da própria população, e defendendo a participação ativa do povo de Deus nas mesmas, não podemos deixar que a busca pelas melhorias do reino humano, dos interesses materiais e passageiros seja mais urgente ou importante que os valores e interesses do Reino dos céus.
Sabe, me preocupa porque a atitude dos que se chamam cristãos, neste momento, parece externar que a única e maior esperança de melhoria, de mudança e até de salvação é, não Cristo, mas a politica, a educação, reforma tributaria etc..., em muitos púlpitos ao invés de se priorizar as doutrinas bíblicas estão majoritariamente tomados por politica, os posts do facebook, em grande parte, não mas contem versos bíblicos e links de mensagens bíblicas, mas mensagens de protestos, links para campanhas contra corrupção etc..., tudo isso me dá a impressão que o evangelho, que o Reino de Deus, que Jesus Cristo e o seu "Ide", se transformou em algo secundário, na melhor das hipóteses.
Meus amados irmãos, mesmo sendo cidadãos deste país e tendo nossas obrigações que são inerentes a esta posição, não podemos em nenhum momentos esquecer que somos também cidadãos do céu, fazemos parte do Reino dos céus e a nossa prioridade deve ser o serviço e interesse deste Reino.
Também fomos intimados por Cristo em Atos 1.8 a sermos testemunhas do Reino, do Evangelho de Cristo, por isso a nossa unica e maior esperança não pode ser a reforma politica ou tributaria, a melhoria da economia ou da educação, ou a saída da presidente do seu cargo, não ! como a cinquenta anos atras, hoje e continuará a ser, Cristo é nossa unica esperança de melhoria, de mudança, de salvação nesta vida e na que a de vir.
A igreja de Cristo não pode cometer o pecado capital de relegar Cristo e o Seu evangelho a um lugar secundário. A missão PRIORITÁRIA da igreja é ser testemunha de Cristo e não de fazer politica, assistencialismo ou ativismo social.
Repito, não quero dizer que a igreja deva ser indiferente, ociosa, alienada quanto as questões politicas e sociais do mundo em que vivemos, quero sim afirmar que de nada adiantará esforços humanos, sociais e políticos por mais legítimos e bem intencionados que sejam, se Cristo não for apresentado como a MAIOR e ÚNICA esperança.
Usando o texto de Mateus 12.44, quero dizer que de nada adiantará varrer, limpar, organizar e ornamentar a sociedade politica e socialmente se ela continuar vazia de Cristo.
Aos ler os evangelhos e o livro de Atos percebemos que apesar da opressão do império romano, das tragedias politicas e sociais, pois havia miséria corrupção, roubalheira, injustiças sociais etc...como também ocorre hoje, porém, tanto Jesus como os apóstolos não se envolveram com estas questões politicas, a prioridades deles sempre foi testemunhar do Evangelho, e a igreja cresceu, o Reino de Deus se expandiu como nunca em sua historia!
Diante de tudo isso, eu lhes pergunto: para nós, cristãos, Cristo ainda é a ÚNICA esperança? será que ainda cremos nisso? ou será que tudo isso ficou no passado e agora a igreja abraçou de vez a era do evangelho puramente social?
Deixo para você esta proposta de reflexão.
André senhorino.
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